segunda-feira, 21 de junho de 2010

Vai, Honduras!



Raça, Chile! Vai, Uruguai!
Avante, Eslováquia!
Força, Nova Zelândia!

Por quê torcer para o "lado mais fraco'?

É algo que encanta a todos (ou boa parte do todo). Qual é o barato de torcer para o lado favorito, exceto no caso do favorito ser sua equipe do coração?

Tentei tratar do tema de forma ampla, filosófica, simpática, aleatória, e muito mais. Por quê diabos, muitas vezes, nos colocamos a favor de que não é o favorito?

1) Nada melhor do que superar uma baita dificuldade. Imagine você, morador de um país pequeno, pobre, onde as ruas são tomadas pela desigualdade social. Junto de mais 10 caras que saíram deste mesmo "buraco", você tem de enfrentar os representantes de uma pátria muito diferente - rica, estruturada e bem localizada. O dinheiro que você ganha em 5 anos mal paga os gastos do mês do craque da equipe adversária.
- Que porra é essa?! Bora ganhar desses malditos bem de vida! Mostrar que podemos!


2) No meio de tanta gente influenciável, ir contra a maré é, no mínimo, divertido. Estive hoje assistindo um pouco de Portugal e Coréia do Norte, aonde a seleção lusa estraçalhou. Ao mesmo tempo em que via uma Coréia brava e limitada, tinha (quase) certeza que o placar só tendia a terminar bem para Portugal. Era a (muitas vezes maldita) lógica. E, enquanto via a partida, apareceram algumas (várias) pessoas com o mesmo questionamento. "Quantos gols do Cristiano Ronaldo"?
- Ô, meu saco. Estrelinhas, queridinhos da mídia, modelos fofoletes. Porque o lado fraco não mete uma bucha, só pra contrariar?

3) Pernas-de-pau, latinos e afins, uni-vos! É a insurreição contra a classe dominante. A revolta das equipes menos visadas, que mostram seu valor acachapando times que vivem de pose - vide México 2x0 França. Outra face do "lado fraco" pode ser vista num país rico, que fica lá pros lados do Oceano Índico: vários dos jogadores neozelandezes sequer jogam por algum clube. São quebradores de bola, que poderiam estar em casa com a família - mas, estão no campo, fazendo o melhor que conseguem. Nisso reside um grande brilho, que, no entanto, é ofuscado pelos astros de outras equipes, que recebem, por mês, um valor que poderia resolver a minha vida - e de mais uns 30 caboclos - por décadas.
- Chega! Tenho meu valor! Por quê o mundo não quer ver?


Então, o que podemos ver é (mais ou menos) simples. Os pontos que nos incitam a torcer pelo lado em que a corda arrebenta é a identificação. O que fica expressa, pela análise, é a luta diária do cidadão comum. E, como essa é a categoria onde se encaixa uma considerável parte da sociedade, a identificação se completa.


- Para terminar, abrindo o coração: Honduras e Nova Zelândia tão jogando uma bolinha lastimável, já Chile e Uruguai tão chegando lá do jeito que dá. E, no pouco que assisti dos jogos de Eslováquia, foi de doer o pâncreas. Isso pra não citar todas as equipes que estão na condição de "linha da pobreza boleira".

Mas, hay que pelear, mesmo que se perca la ternura!



Um comentário:

Bruno disse...

Brasil x Uruguai, Argentina x Paraguai (nem sei se é possivel) serão as semifinais na copa de 2010. Pode anotar.

Eu sou meio que do contra a esse espírito do contra. Acabo torcendo por motivos aleatórios. Torci pros EUA pela primeira vez na vida no jogo contra a Argélia, por causa dos erros da arbitragem, por exemplo.

E torcer pra eles contra uma Inglaterra, por exemplo, é torcer pro 'pequeno', mas que é rico e odiado.

É tudo aleatório.