quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Hein?



Nós tentamos entender. É o que nós fazemos. É a nossa premissa básica. É o que alguns entendem por crescer, outros por aprender, não importa. Perguntar é o que nos torna racionais, ou o contrário, não sei. Nós perguntamos o tempo todo, o que nos leva a viver em busca de respostas, que por fim, talvez, nem existam. Se existem, são privilégios de certos privilegiados. Nós ficamos apenas com os questionamentos.

Perguntar não ofende. Nem é ruim. Como diria um certo poeta, a resposta certa não importa nada, o essencial é que as perguntas estejam certas. Buscar resposta pra tudo é natural. Pode levar um indivíduo ou outro a loucura, causar um suicidiozinho ali, outro aqui, mas é natural. O ruim disso tudo é correr atrás de resposta fácil. Ou melhor, não correr atrás de resposta nenhuma, só engolir verdades prontas.

Tentar entender por muitas vezes é doloroso e chato. O mundo por si só não é um lugar fácil de se entender, não vem com manual de instruções. Além disso, se você tenta entender tudo sobre tudo, ao mesmo tempo, entra em parafuso. Mas é isso o que nos torna mais do que animais que vivem por instinto. Claro, ser um animal que vive por instinto as vezes seria uma ótima opção. Comer e fazer sexo seriam os únicos objetivos. (Como assim, seriam?) De qualquer forma, voltemos ao foco.

O mundo tá cheio de respostas, de verdades. É só ler o jornal e escolher no que acreditar, não precisa nem pensar. Ou ouvir o rádio. Ou ir a igreja. Não me entenda mal, querido leitor inexistente, fruto da minha imaginação. A fé é um dos sentimentos mais bonitos que nós temos. O que tá errado, na minha humilde visão, é acreditar em algo sem nem pensar sobre o assunto. Religiões são como pacotes de viagem prontos. "Nesta aqui nós temos 1 Deus, 1 messias, acompanhados por 10 mandamentos, mas se o senhor quiser um pacote mais exótico, temos a religião dois: são mais de 100 deuses a sua escolha. Tem umas regrinhas sobre humilhar outros seres humanos e não dar direito nenhum as mulheres, mas as 15 virgens lhe esperando no céu valem o investimento."

Ideologias à parte, o lugar-comum, a preguiça de pensar, é uma merda. Quando se trata do que sentimos então, piora tudo. O tal do amor por exemplo. Ninguém sabe o que é, mas todo mundo ama. As vezes parece que uma atração física, junto com um certo nível aceitável de conversa, misturado com a vontade de estar junto é mais do que suficiente pra se dizer 'eu te amo'. E quando muito se tem a sorte de ter tudo isso. Mas o amor é um sentimento nobre, não é? Tem que ter algo a mais, tem que ser único, especial, tem as almas gêmeas e tal, não? Não sei. Não vou nem entrar no mérito da beleza física e como ela ajuda a tornar tudo isso mais fútil. Agora a pouco vi um filme bobinho que eu já tinha visto. O que importa sobre ele é algo que um personagem diz a um outro que tinha feito algumas besteiras e dizia amar a mulher: "O que você sente só diz respeito a você. O que realmente importa é o que você faz pra quem você diz que ama"

Não responde nada. Mas é bom pensar assim quando você vê um/uma idiota qualquer falando de sentimentos que não conhece, nem procura entender. E no mais a mais, respostas não servem pra nada. O que vale são as perguntas.





Ps: Desculpa, não tinha vídeo melhor, nem versão melhor. A música foi 'reconstruída'. Mas a letra fecha com o post. Eu juro.



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ah, véio

Menos de 20 anos de idade, e já se identificam diversos sinais de velhice.

Dores em diversas partes do corpo são coisas normais. Típico de tiozão velho, atleta de fim de semana.
Existe forte preguiça para tirar a bunda da cama, da cadeira, ou de sair de qualquer lugar aonde o corpo fique em repouso por mais de 10 segundos. Se for possível, se cria uma doença na hora só pra não precisar mover um músculo.
Mas os problemas não são apenas físicos. A preocupação com dinheiro já toma uma parte considerável dos pensamentos. Sem dinheiro, surge a preocupação em achar trabalho.
Quando se arranja trabalho, vive-se de forma robotizada, e quase sem tempo livre. Se esse tempo livre é mal utilizado, aí surge outro problema.

Com as pontadas de velhice precoce, se passa a achar que todo mundo irresponsável.
Se enxergam defeitos em várias coisas, sejam importantes ou não, e fica-se na obrigação de meter o dedo na história para que não acabe em merda. Esses jovens tinham que apanhar de cinta.

Gosta-se de bandas velhas, e músicas que parecem bregas aos ouvidos dos dias de hoje. Eles não sabem o que é música de verdade, e gostam de música sertaneja para comprovar isso.
Não se aguenta mais ouvir conversas sobre carros, motos e demais coisas motorizadas que representem status. Ao meu ver, essas coisas servem, apenas, para se ir de um lugar para outro.

Cada grupo de idade, agora, passa a ser visto de uma forma.

Crianças são chatas, pentelhas e só querem sua atenção para ganhar doces e brinquedos. Do contrário, elas choram e te fazem passar por tongo malvadão.

Adolescentes são uma desgraça, nojentos. Corpos disformes, que transitam por aí usando uniformes e badulaques coloridos. Emos pintados com glitter, gordos malvestidos, menininhas secas e sem-graça que andam rebolando - outras, não tão secas assim.
Adultos são egocêntricos - possuem relativo dinheiro, relativo poder e estão no comando das ações.
E os velhos? Sendo generalista e vagabundo, daria pra dizer que os velhos não trabalham mais, e não formam opiniões concretas. Pouco ouvem música, e já não são tantos os que tem os automóveis como pauta cerebral permanente. Ou seja, já não são mais os mesmos velhos de antigamente.


De onde tiramos que todas essas chatices que comentei são "coisas de velho"?
Não foram desses velhos que herdamos as tais chatices...

É tudo uma farsa.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Quintana



"Não tem porque interpretar um poema. O poema já é uma interpretação."

Eu respeito os números. Admito sua perfeita exatidão. Irritante exatidão. Minha limitada cabeça, tão subjetiva, nunca conseguiu e nunca conseguiria fazer da minha vida um sem fim de cálculos e resultados. Eu sempre precisei de interpretações. De várias formas de se ver um único fato, um único texto, uma única música.

Isso que dá estudar assuntos relacionados com a mente humana. Você não pára de divagar. Aulas de filosofia, por exemplo. As poucas que tive durante a vida sempre me fizeram pensar na vida, no universo e tudo mais. Acho que interpretar e entender o ser humano é um objetivo da minha lista de objetivos que não levam a nada. Claro, quando você tenta entender algo, faz uma viagem ao passado, pra ver o que já aconteceu, por que aconteceu, quem foi o infeliz estagiário que deixou acontecer, essas coisas.

Passado esse que me faz voltar a filosofar. Nietzsche, objeto de estudo das aulas de filosofia desse semestre na faculdade, tinha uma visão sobre o passado muito particular. Não espere muito da minha memória, mas pelo o que eu me lembre, o perturbado pensador alemão dizia que tentar entender o passado sem nenhuma finalidade clara é o que torna impossível a plena felicidade humana no presente. Fétido resumo simplista esse, eu me envergonho dele, mas, quando bem explicado, mostra como a melancolia de remoer fatos que já foram nos impede de existir no agora.

Nietzsche, como eu já fiz questão de enfatizar, era um cara perturbado. Quem leu o livro "Quando Nietzsche chorou" vai entender. E se alguém aí realmente leu, não me conte o final. É um livro muito bom, mas incrivelmente chato. Não consegui chegar ao fim.

Você, querido leitor aleatório, deve estar pensando agora "Tá, se era pra falar desse maluco, que sentido faz o título do texto?" Aí eu te respondo "Nenhum, idiota!" Brincadeira. Mário Quintana foi um grande poeta. O melhor poeta brasileiro na minha opinião. Acho que eu não conheço nenhum outro. De qualquer forma..

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...


E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...