tag:blogger.com,1999:blog-64656159128654752102024-03-13T14:51:47.352-03:00Suicídio InvoluntárioHumor cotidiano, crônicas, falta de noção e variedades.Suicídio Involuntáriohttp://www.blogger.com/profile/10704114393869377841noreply@blogger.comBlogger76125tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-64650472196900132722012-11-14T01:48:00.002-02:002012-11-14T02:00:17.987-02:00Queijo, carne e ovo<span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
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<span style="font-family: Trebuchet MS;">Aparentemente, existem alguns conceitos no universo que parecem importantes para mantermos de forma estável esse intervalo que nós conhecemos como vida. Veja só: tem esse negócio chamado comida. Coisas que nós geralmente mastigamos e engolimos e que, dizem, são necessárias pra que continuemos por aí, vivendo e tal. Aí tem esse outro treco bem louco conhecido como ar - ninguém vê, ninguém sente, mas parece que ele tá por todo o canto. Boatos de que nem dá pra viver direito sem isso aí também.<br /><br />Mas tudo bem. Teus pais provavelmente já te explicaram esses e outros conceitos básicos enquanto você crescia feliz dentro da sua fantasia de power ranger vermelho lambuzada de chocolate - se não explicaram, com todo respeito, mas eles são pais horríveis. Só que uma hora você cresce. A fantasia de power ranger vermelho dá lugar a uma calça jeans azul e uma camiseta preta, quando não a um terno barato no casamento daquela prima meio vesga.<br /><br />Junto com a mudança nos trajes, vêm também novas coisas que você precisa dominar pra sobreviver. Você tá lá, todo feliz porque sabe o que é ar, comida, sexo, sono e tal quando alguém começa a te explicar o que é um banco. E você tenta entender, por que o tal do banco parece ser importante, mas junto com o novo conceito aparecem coisas estranhas e inexplicáveis e más, coisas como juros, débito em conta e cartão de crédito.<br /><br />Mas tudo bem, com um pouco de tempo daria pra entender tudo isso. Afinal, você é um cara esperto. Não te elegeram líder dos power rangers por acaso. Mas logo você descobre que não é bem assim. Por que logo você também descobre que essa coisa conhecida como tempo mudou muito nos últimos tempos.</span><br />
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<span style="font-family: Trebuchet MS;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Trebuchet MS;">Antes ele era um daqueles conceitos básicos: tempo era o período que você precisava pra salvar o planeta do jardim de casa, enquanto a mãe não chamava pra dentro. Agora ele é um monstro gigante e interminável dentro do banco, um quase nada quando você tá na praia com os amigos e um torturador treinado pela inquisição espanhola enquanto teu time ganha de 1x0 um jogo importante e o maldito do juiz ladrão/corno/outro xingamento dá 6 minutos de acréscimos.</span><br />
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<span style="font-family: Trebuchet MS;">Mas tudo bem. Respirar, comer, andar, amar, xingar, rir, não é tão difícil assim. A vida não é nada. Depois da fila no banco é só ir até uma lanchonete chinesa no centro com um pastel grande de queijo, carne e ovo e uma cerveja barata que tudo volta a ser simples. Coisas são só coisas, até prova em contrário.</span><br />
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Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-61154263979502365132012-07-06T03:11:00.002-03:002012-07-06T03:21:18.022-03:00Dança em silêncio<p class="MsoNormal">Ela se vestiu como se fosse a uma daquelas velhas festas do clube oito de maio – elegante, mas discreta. Como se, por mágica, os anos de juventude tivessem voltado e o Roberto estivesse na soleira da porta, esperando para levá-la dançar a noite toda. As rugas e o cabelo prateado no espelho desmentiam.</p> <p class="MsoNormal">Chegou sete em ponto no teatro municipal. Viu velhos amigos, que disseram tudo ou nada que dizem amigos de muito tempo. Disseram como era bom vê-la, como estava bem, como tinham saudade. O espetáculo já iria começar, diziam, e entravam, chamando para que ela entrasse com eles. Já vou, mentia. Como das outras tantas vezes que tentou, esperou a porta fechar para se virar e ir embora.</p> <p class="MsoNormal">Ou dançavam ou iam para o teatro ouvir o que estivesse sendo apresentado, ela e o Roberto. Deixavam o filho pequeno na casa de um casal de amigos e iam. Não conseguia sem ele. Sem eles. A lembrança era um silêncio tão alto.</p> <p class="MsoNormal">No quarto, quase adormecendo, ouvia a apresentação inteira. As cordas, os metais, a percussão. Dançava lentamente enquanto pegava no sono. Mas tinha a impressão de que nunca mais conseguiria dormir. Na cômoda ao lado da cama, o silêncio da foto envelhecida do marido e do filho gritava, gritava e gritava.</p><span style="font-family:Trebuchet MS;"><div align="justify"></div></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-63964633886666225592012-06-11T01:05:00.003-03:002012-06-11T01:44:39.914-03:00Gêmea"Que azar, rapaz. Mas não se preocupe não, viu. Coisa dessa só acontece com quem tá na chuva se molhando. Fazer o quê?"<div><br /></div><div>O problema do meu amigo aqui, moço, é que ele encontrou a tal da alma gêmea. Procurou, procurou, procurou até que achou.<div><br /></div><div>Bom, né, "felicidades pro casal". Pois foi aí que se deu a má sorte. Era gêmea porque era igual mesmo. Aí você me diz "que beleza!'. Aí eu digo "é, às vezes é". Coisa assim não dura pra sempre porque coisa igual não se completa, mas até o pra sempre chegar dá pra aproveitar um bocadinho.<div><br /></div><div>O caso é que nesse caso a gemitude da coisa não podia ser. Foi assim: ele se encantou quando viu que ela, como ele, vivia bem com os outros, mas vivia bem mesmo era com ela mesma. Gostava de sair, mas gostava mesmo era de ficar em casa. Gostava dele, mas gostava mesmo era dela. O Jorginho gosta de conversar, é um bom amigo, mas só se perde mesmo quando tá nesse mundo dele. Igual ela.</div><div><br /></div><div>Quando perceberam, já era tarde. Tavam os dois lendo o mesmo livro, cada um num lado da cidade.</div><div><br /></div><div>Ela começou assim: 'olha, não é você..'. Aí ele completou ' ..sou eu'. Parecia ensaiado, uma maravilha. Acho até que foi, mas não por eles. Quando viram, já tava cada um indo pro seu canto de novo. Agora a gente tá aqui bebendo pra comemorar a beleza da vida. Diz aí pro moço o que você me disse agora, Jorginho. Diz pra ele o que é que você tá procurando dessa vez.</div><div><br /></div><div>"Alma parecida", disse o Jorginho.<br /><span><div align="justify"></div></span><div><br /></div><div><br /></div></div></div></div>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-43228186269277992372012-03-01T01:52:00.011-03:002012-03-01T12:22:15.246-03:00Título<span><span style="font-size: 100%;">Eu queria escrever, mas não consigo. Não sei o que fazer com as frases. Não sei se coloco elas de castigo, amarradas umas às outras dentro do texto, ou assino a carta de alforria e deixo elas livres pra serem frases por aí - parecem tão infelizes aqui. Desconhecidas umas das outras, acho que se odeiam. Se pudessem, pulavam o ponto final e partiam pros finalmentes. No fundo elas queriam dizer só o pouco que dizem e pronto. O resto é com quem lê.</span></span><div><span><span style="font-size: 100%;"><br /></span></span></div><div><span><span style="font-size: 100%;">Quando me desapego das sentenças, me aparecem as palavras pra tirar o sono. Agora mesmo, tive que ir até o google pra saber se alforria era com l ou com u. Tava com u aqui. Vergonha. Sei de algumas só - palavras -, aí leio o chico, uma vastidão impressionante (devastadora? incrível? mágica? nada fica bom!). Sem falar no saramago, no twain, no veríssimo, qualquer um deles. Viro as páginas com uma inveja mágica (incrível?). Escrevem como se escolhessem os termos a dedo, num milésimo de segundo, enquanto eu tropeço na alforria. Malditos.</span></span><div style="font-family: Georgia, serif; font-size: 100%; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal; "><br /></div><div><span><span style="font-size: 100%;">Junto uma vírgula aqui, outras ali, luto pra expressar uma ideia (quase 'exprimi' uma ideia agora), mas não sei pra onde ir. Me perco. Aí </span>filosofo: p<span style="font-size: 100%;">or quê? Por quem? Melhor esquecer esse negócio de escrever, não vai dar certo. Escrever dói. Mas persisto. No fim tudo fica bom. Ai meu deus, o fim! O que eu escrevo no fim? Não sei terminar nem coleção de tazo, vou saber terminar texto? Alguém me tira daqui! Já sei, me levem pro começo. A professora de redação dizia que um bom texto voltava pro começo. Eu queria escrever, mas não consigo.</span></span><br /><div style="font-family: Georgia, serif; font-size: 100%; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal; "><br /></div><div style="font-family: Georgia, serif; font-size: 100%; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal; "><br /></div></div></div>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-24904822253871761412012-01-30T04:33:00.004-02:002012-02-07T02:48:36.552-02:00Para J.Bom, isso é uma carta. Nunca escrevi uma. Eu devo começar com a data? Curitiba, 27 de agosto de.. Não, isso não parece certo. Acho que a data vai no cabeçalho, ou algo assim, não? Não importa, também. Tenho algumas coisas a dizer, meu bem.<div><br /></div><div>A primeira e mais óbvia é que eu te amo. Embora nós tenhamos combinado que não usaríamos esse termo comercial e rasteiro usado pra definir um sentimento tão complexo, te amo. Te amei desde a primeira vez que nos falamos. Bem, você falou - eu gaguejei . "Que rua é essa?". "É a sal-sal-sal.." Era a Saldanha Marinho, caso você ainda queira saber. Na hora isso não saiu da minha boca, sei lá por que. Você riu de mim. Eu ri também, por dentro. Talvez eu não tenha te amado naquele momento, mas eu quis.<div><br /></div><div>Você entrou na minha vida. Tirou o tênis, deitou no sofá da sala, ligou a tv e não saiu mais. Eu não precisava de nada, mas precisei de você. Sem mais nem menos, precisei te ver. Precisei conversar com você, te impressionar, te fazer rir de mim de novo. Paixão. Coisa de jovem, dizem. Sabe como são os jovens, né? Impressionistas, impressionáveis. Sabem tudo e no dia seguinte fazem a descoberta do século.</div><div><br /></div><div>Eu não preciso te contar como foi a nossa história. Você sabe dela até mais do que eu. Sabe de todos os momentos de sol, dos de chuva e, no mais das vezes, dos de marasmo. Sabe de todas as vezes que eu cheguei atrasado e até ontem, depois de quarenta anos de casamento, você ainda me olhava com aquela cara de reprovação escolar quando eu chegava cinco minutos depois do horário. </div></div><div><br /></div><div>Promessas nunca foram o meu forte. Você sabe. Era o nosso jogo favorito. Eu prometia que moraríamos na praia quando você dizia sentir falta do mar. No fim de semana seguinte a gente tava na 277, em direção a dois lindos dias de sol em Matinhos. Eu prometia o que não podia cumprir só pra te fazer sorrir. Com sucesso, na maioria das vezes, apesar do preço que eu sempre pagava.</div><div><br /></div><div>Quando nos casamos, o Julio perguntou se ficaríamos juntos até que a morte enfim nos separasse. Eu prometi que sim. Lembrei desse momento quando assinamos hoje à tarde os papéis do divórcio. </div><div><br /></div><div>Não foi como se eu acordasse e soubesse de repente que precisava ir, meu bem. Eu soube com o tempo. Você me fez acreditar que a vida é o que nós fazemos dela. Você me fez acreditar que eu deveria fazer o que quisesse todos os dias - ou pelo menos tentasse, em alguma parte deles. Durante quarenta anos você foi tudo o que eu quis.</div><div><br /></div><div>Mas alguma coisa nasceu em mim. Como uma nova criança na família, inquieta e petulante. Tomou posse de mim. Me dizia que chegaria o momento em que eu precisaria ir, embora eu me recusasse a escutar. Simplesmente ir. Essa vontade foi crescendo como uma flor em um jardim já desgastado. Ainda bonito, mas estático. Eu precisei de movimento novamente, como aquele que eu tive aqui dentro quando te conheci.</div><div><br /></div><div>Talvez você não entenda, mas a culpa é sua. Foi você que me fez ter vontade de viver durante minha vida toda. A culpa é toda sua se, aos 67 anos de idade, eu ainda quero. Eu ainda quero correr na praia enquanto um temporal se anuncia. Eu ainda quero viajar até uma cidade completamente estranha e ficar lá um tempo, até cansar. Eu ainda quero fazer amigos e beber ao ar livre durante um pôr do sol qualquer e único. Eu ainda quero.</div><div><br /></div><div>Obrigado pela minha vida. Ela é toda sua. Você é parte de mim e estará em cada passo que eu der. Depois de tanto tempo é impossível que não seja assim. Vou te escrever sempre que o tempo mudar. Sempre. Prometo.</div><div><br /></div><div>M. </div><div><br /></div><div>Ps: Agora há pouco, enquanto eu escrevia sentado num banco da rodoviária, uma menina de uns quatro, cinco anos, parou na minha frente e me olhou com uma cara de desaprovação. Perguntou se eu sabia que a sacola plástica do meu lado demoraria 8 milhões e bastante anos pra desaparecer e que isso acabaria com o planeta. Eu disse que não sabia, e prometi nunca mais pegar uma dessas no mercado. Mulheres mandonas parecem ser minha sina, se estávamos procurando uma.</div><div><br /></div><div><br /></div>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-31544043434141852362012-01-11T18:04:00.002-02:002012-01-11T19:46:19.516-02:00Passeio<span style="font-family:Trebuchet MS;">Um homem estava sentado no banco de uma praça, em um dia ensolarado. Apesar do clima convidativo para um passeio, o local estava praticamente deserto - exceto pela cancha de areia, que ficava pouco mais de uma dezena de metros atrás do banco já citado. Nela, várias crianças brincavam com uma bola, algumas descalças, outras sem camisa, e por aí vai. No entanto, junto à grade de proteção do lugar, um garoto está apoiado, cabisbaixo. Diferentemente de seus colegas, ele veste camiseta, bermuda, meias e tênis. Além das roupas de baixo, provavelmente.<br /><br />O garoto caminha lentamente para fora dali, e se dirige ao banco da referida praça. O homem ainda está lá, e ignora a chegada do pequeno. Ele continua mastigando um sanduíche amassado, do qual caem farelos por toda sua blusa. Sem se incomodar, o rapaz parece orgulhoso do lanche que come.<br /><br />O menino mirava o céu com os olhos, quando perguntou:<br /><br />- Porque o céu é azul?<br />- Nhum... - grunhiu seu colega de assento, enquanto engolia um pedaço de presunto que lhe veio inteiro à boca -. Bem, o céu eu não sei direito. Mas sei que o mar é azul porque ele reflete a cor do céu! - concluiu, com um certo ar de sapiência.<br />- Ué - replicou o garoto. - Nada a ver. Já fui pra praia umas mil vezes, e sempre vi que o mar é verde.<br />- Mil vezes? Quanto exagero para alguém do seu tamanho. Você nem sabe do que está falando - disparou o homem.<br />- Como assim? - retrucou o garoto, ingênuo.<br />- Ah, você entendeu. Mas pare com isso. Cor do céu, cor do mar... deixe de perguntar coisas idiotas e vá brincar com os outros. Aproveite que você é criança, e que ainda não tem responsabilidades.<br />- Mas eu não quero brincar de nada! - berrou, com o rosto avermelhado.<br /><br />O menino ficou nervoso e ensaiou fazer birra, mas, percebendo que estava diante de um estranho, tentou adotar uma postura de força. Engoliu a seco um princípio de choro, fixou seu olhar na direção do chão (elevando "mil vezes" sua confiança) e continuou.<br /><br />- Eles só querem jogar bola, chutar areia um no outro. Lá em casa é tipo isso, ficam fazendo coisas que eu não gosto. Não gosto de lá, e por isso não quero voltar pra lá. Que droga, saco.<br />- Tá bom - respondeu o homem, querendo se livrar do moleque -. Já entendi. Me diz onde estão seus pais, que eu te levo com eles e você vai embora daqui. Acalme-se.<br />- Meus pais não estão aqui. Eles viajaram quando eu era criancinha. Eu moro com minha vó, naquela casa ali - disse, apontando para uma simpática casa próxima de onde estavam.<br /><br />O homem avistou a casa apontada pelo garoto, e arregalou os olhos. Depois de fazer uma expressão pensativa, riu e embrulhou o pedaço restante do sanduíche.<br /><br />- Olha carinha, não vou te levar lá não. Vai sozinho.<br />- Nem me leve, mesmo. Não quero voltar. Eu fugi sem ninguém me ver. - falou o garoto, misturando tons de culpa e de obstinação em suas palavras -. E nunca mais quero voltar. Vou andar pelo mundo. Quero ser astronauta.<br /><br />Limpando os farelos de sua roupa, o rapaz tornou a rir. Balançou a cabeça, respirou fundo, e interrompeu o clima sonhador que a conversa tomara.<br /><br />- Eu fiz a mesma coisa que você quando era menor, garoto. E hoje tô aí. Morando na praça. No começo foi divertido, era uma aventura, sabe? Mas depois você cresce, e aí você se fode. Tem quem consiga se dar bem, mas comigo não rolou. Isso é coisa de filme. Esquece os filmes. A vida é isso aí. Acha que estou usando essa roupa quente pra cacete nesse calor por quê? É a única que tenho pra usar agora. Você tá reclamando porque tá com roupinha lavada. Quem tá na merda é que sabe o que é ruim de verdade. Se você tem uma ideia na cabeça, vai nessa. Mas pensa bem, se não acaba virando um mendigo que nem eu.<br /><br />O garoto, desacostumado a ouvir broncas</span><span style="font-family:Trebuchet MS;"> e palavrões, ficou assustado com o que acabara de ouvir. Ele nem havia percebido que o homem era um morador de rua, quando, de uma hora para outra, se viu encurralado pelo discurso do mesmo.<br /><br />O mendigo deixou o banco e ficou de pé, para então usar a grama atrás do banco como colchão. O silêncio tomou conta dele e do garoto por poucos minutos, quando o mais jovem se deu por vencido.<br /><br />- Tá bom. Vou voltar para casa. Até logo.<br /><br />O homem esboçou um sorriso, e entregou um guardanapo com farelos para o menino. Em seguida, deitou-se e fechou os olhos.<br /><br />- Vai lá. Pede desculpas para sua vó, e diz que o sanduíche estava ótimo. Depois, diz pra ela bem assim: "eu sei de tudo", e pergunta pra ela se seus pais estão viajando mesmo. Só não vá querer fugir de novo depois que ela te responder.<br /></span>Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/00401006243434754848noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-70163628729543451672012-01-07T02:02:00.005-02:002012-01-07T03:58:28.020-02:00O manual do bom marido<span style="font-family:Trebuchet MS;"><div align="justify"></div>Dizer o nome de outra na cama é infração grave. Vale uns cinco pontos na carteira de habilitação do homem casado. É quase tão ruim quanto deixar o copo de cerveja na mesa de vidro sem o negócio que fica embaixo pra proteger. É quase como responder o famigerado "tô gorda?" com um "deixa eu ver..". Não se deve dizer o nome de outra na cama. Nem dormindo. Tá no manual do bom marido, logo após o capítulo "Como dar risada das piadas do sogro e ainda ter respeito próprio".<br /><br />O exemplo clássico que roda pelos bares por aí é o do Pacheco. Pobre Pacheco. Conta-se que uma noite tava lá ele dormindo na cama do casal, ao lado da mulher, quando de repente ela ouviu o Pacheco balbuciar umas coisas sem sentido. O problema é que entre as coisas sem sentido deu pra ouvir claramente uma Fabiana sendo chamada. O alerta anti-piranha da Sônia, a mulher do Pacheco, apitou na hora.<br /><br />- Pacheco, quem é Fabiana?<br />-..oi? Tá louca mulher? Dorme, vai.<br />- Pacheco, você acabou de dizer esse nome, Fabiana. Quem. É. Fabiana?<br /><br />O Pacheco tava numa situação difícil. Era uma presa encurralada numa caverna escura. Estava sendo caçado. Jogado contra a parede. Sem saber o que fazer. Mas lá do fundo da memória veio a luz que o tiraria dali e o levaria à grande vitória daquela noite: dormir em paz.<br /><br />- Fabiana, claro! É a moça que trabalha lá no escritório. A gente tá interagindo mais agora com esse novo lançamento. Ela tá me ajudando bastante - explicou, com um sorriso inocente no rosto.<br />- Ela é bonita?<br />- Quem?<br />- Como 'quem', Pacheco? A Fabiana, cacete!<br />- Ah, não sei, meu bem. Quer dizer, não. Não é, não. Ela tem uns olhos bem miudinhos, sabe. Dá até medo.<br /><br />Mas a Sônia já tava com o notebook no colo, entrando no Facebook.<br /><br />- É Fabiana do que mesmo?<br />- Hein? Sei lá, amor!<br />- QUAL É O SOBRENOME DESSA VACA?<br />- Soares Barretto. Barretto com dois tês.<br />- Ela é bonita, Pacheco. Você tá 'interagindo' mais com ela, é isso? Minha mão que vai interagir com a sua cara agora, seu desgraçado!<br />- Amor, todo mundo é bonito no Facebook! Semana que vem tem aquela festa da empresa, aí eu te apresento. Você vai ver.<br /><br />Na semana que veio o Pacheco apresentou a Sônia pra Fabiana. Na volta pra casa a Sônia só conseguia falar dos olhos assustadoramente pequenos daquela mulher. O veredito final foi que ela parecia um Gremlin, e não daquele tipo fofinho.<br /><br />- Desculpa, amor. Eu exagerei. E mesmo se ela fosse a Katy Perry eu confiaria em você.<br /><br />Naquela noite o Pacheco passou a travar um animado diálogo com uma Patrícia durante o sono. Quando ouviu aquilo, a Sônia levantou delicadamente da cama, calçou as pantufas de ursinho e foi até a despensa. Voltou pro quarto com um taco de beisebol na mão direita.<br /><br /><br /><br /><br /><br /></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-52114470736675494852012-01-04T01:32:00.003-02:002012-01-04T02:42:57.341-02:00Críticos<span style="font-family:Trebuchet MS;"><div align="justify"></div>- Eu não entendi<br /><br />Estavam na saída do cinema, esperando a mãe de um e a mulher do outro sair do banheiro.<br /><br />- Primeiro eles tão falando de Guerra Fria, aí mostram Dubai nos tempos atuais. Não faz sentido<br />- Pai, não era Guerra Fria. Tudo acontece no presente<br />- Tá, mas era Estados Unidos contra Russia. Igual na Guerra Fria<br />- Não era Estados Unidos contra Russia! Eles só tavam mostrando como os interesses pessoais podem acabar levando a conflitos em escala mundial e tal<br />- Hm..<br /><br />Nos corredores em volta pessoas entram e saem das sessões, sem saber direito o que dizer do que viram. Alguém sabe o que dizer quando sai do cinema? É um conflito quase impossível de vencer. Você chama os amigos pra ver um clássico moderno que está sendo lançado naquela semana, gosta do filme, mas tem medo de dizer e ser avacalhado, porque eles provavelmente acharam tudo exagerado e falso.<br /><br />Você não gosta do filme meloso que a namorada escolheu, mas não diz nada pra não magoar a coitadinha, que aparentemente viu nas últimas duas horas uma mistura de Titanic e Casablanca.<br /><br />- Aí, do nada, eles aparecem na Índia. Mostram tudo lá, só pra fazer uma media. Pff..<br />- Se você tivesse visto os filmes anteriores você entenderia..<br />- Ah, é uma série?<br />- Não. Quer dizer, sim. Não era pra ser, mas acabou sendo. Teve o primeiro, o segundo, o terceiro. Esse era o quarto.<br />- Hm..<br /><br />A mulher finalmente sai do banheiro e vão os três embora. Pagam o estacionamento em silêncio. Quando sentam no carro, o pai para e encara o volante por um instante.<br /><br />- Ele devia ter morrido naquela cena do prédio. Na vida real ele morreria.<br />- Ele tinha dois imãs que faziam ele voar! Sem contar as luvas e o..<br />- Ele era muito lindo pra morrer, isso sim - interrompe a mãe<br /><br />Discutiram a beleza, a idade, o cabelo e os relacionamentos do Tom Cruise até chegar em casa.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-27826501709974867092011-12-25T20:26:00.003-02:002011-12-28T00:36:27.457-02:00morto-vivo<span style="font-family:Trebuchet MS;"><div align="justify"></div>Era novo nesse negócio de estar morto. Ou achava que era, já que tinha perdido completamente a noção do tempo depois do tiro. Podia estar ali há milênios e não saberia direito. Mas achava que era novo. Um fato que reforçava esse sentimento era o dele não fazer ideia do que fazer. Já tinha entrado em algumas portas, chamado por Deus, até tentou meditar. Nada.<br /><br />Não acreditava muito nessas coisas, mas por via das dúvidas se ajoelhou, fechou os olhos e tentou rezar. Quando espiou, viu um sujeito muito magro, vestido como se estivesse voltando das férias em alguma praia chinfrim parado em sua frente. Era bonito, mas não atraente. Tinha um rosto simétrico, se quem olhasse prestasse atenção, mas de uma forma que não chamava a atenção.<br /><br />-Vai demorar muito pra levantar, amigo?<br />- Oi, eu..<br />- Eu sei. Você quer saber onde está, quem eu sou, onde está Deus, o sentido da vida, blá, blá, blá. Sério, mais de três milênios e vocês sempre têm as mesmas perguntas<br />- Desculpa, mas vocês não dão muitas pistas quando a gente tá lá, vivendo<br />- A vida é a grande pista, idiota<br /><br />Então sumiu. De repente tudo em volta sumiu. Num clarão, o sujeito apareceu de volta, agora dentro de um terno preto. Estavam no local de sua morte. Viu todo o tiroteio novamente. Viu sua esposa desesperada, viu a sacola do mercado cheia de laranjas cair de suas mãos e as frutas rolando pela calçada, sem rumo. Não sentia nada, mas quis chorar. Não conseguiu. Perguntou para aquilo que agora achava ser um anjo porque estava ali.<br /><br />- Primeiro, eu não sou anjo. Anjos não existem. Eu sei, é triste. Agora supere isso e preste atenção: você não está aqui. Você não está mais em lugar nenhum. Você é. Você é aqui. Você é tudo, faz parte de tudo.<br /><br />- Mas tudo é muita coisa. Eu só queria ser eu, dá pra ser? Se a vida terminou desse jeito, sem sentido nenhum, minha morte pelo menos podia ser em paz<br /><br />- Paz? Há! Amigo, eu não lembro quando foi a última vez que eu parei de trabalhar. Agora mesmo, eu tava descansando por um dia numa praiazinha chinfrim quando meu chefe me ligou dizendo que você precisava de ajuda. E o maldito deve ter feito a ligação da beira da piscina, com um suco de laranja na outra mão. Olha, eu já disse o que você precisava saber. Nós somos o que vocês costumam chamar de universo, embora você não vá entender isso agora.<br /><br />E sumiu de volta. Dessa vez não voltou. O recém-morto não tinha entendido mesmo lá muita coisa, mas tinha a impressão de que não estava sozinho. Enquanto andava, olhou pra cima e achou o céu muito cinza. Tirou uma borracha do bolso, apagou algumas nuvens e pintou o sol com o amarelo mais bonito que tinha. Ficou melhor, disse pra si mesmo. As crianças que estavam sentadas no meio fio e saíram correndo para o parque concordaram.<br /><br /></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-4560739898099636152011-12-23T20:09:00.005-02:002011-12-23T22:12:05.665-02:00Assombroso E.T.<span style="font-family:Trebuchet MS;"><div align="justify"></div>Eu sempre acreditei nesse negócio de vida extraterrestre. O universo é grande, tem um monte de estrelas, por que não? Se eles sabem que nós existimos, se são tão estúpidos como nós, isso a gente só vai saber quando eles baterem aqui na nossa porta com um sorriso no rosto e um bolo na mão, pra mostrar que são bons vizinhos. Ou nós na deles. Mas estejam onde estiverem, eles devem ser pacíficos. E legais.<br /><br />Pelo menos era nisso que eu acreditava.<br /><br />Só que nesses últimos dias eu parei pra pensar numa coisa: se esse tal de Messi for de outro planeta como tão dizendo por aí, a gente tá ferrado. E quando eu digo a gente, eu não tô me referindo só a nós, povo brasileiro, por termos que aguentar um desgraçado de um alienígena com pertas tão rápidas vestindo a camisa daquele país ali do lado. Nem a nós, torcedores de times que só possuem seres humanos comuns em seus plantéis, por vermos com o queixo a meio caminho do chão aquele ser de 1,69m destruindo defesas de todos os tipos.<br /><br />Eu me refiro a nós, raça humana. Porque se o pessoal desse planeta desconhecido enviou esse semi-anão para uma missão de reconhecimento, já devem ter percebido por agora que eles são algumas centenas de anos mais avançados do que nós. A invasão é questão de tempo. E eu temo que não exista muito o que a gente possa fazer, amigos.<br /><br />Eu não sei vocês, mas se uma nave pousar aqui no quintal de casa e dela saírem vários argentinos com um sorriso simpático e o cabelo meio comprido, eu não vou nem perder meu tempo correndo, igual o Durval tentou fazer no último domingo. Vou sentar ali no meu sofá e ouvir qualquer coisa que eles tenham pra dizer. Se um já assombra o planeta todo, imaginem uma raça inteira.<br /><br /><br /></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-1132257611520911452011-11-21T02:46:00.003-02:002011-11-21T21:33:49.410-02:00mar e paz<span style="font-family:Trebuchet MS;"><div align="justify"></div>Tinha um sonho. Depois de muito tempo olhando pra dentro viu que o mundo lá fora estava esperando. Aquele sonho, que era pequeno e gigante ao mesmo tempo, aos poucos tomava conta de tudo. Se embrenhava em cada conversa com os amigos, tomava forma em cada imagem que via. Era um bom sonho.<br /><br />Desses que a gente não precisa acordar pra saber que existiu. E por ter com o que sonhar, caminhava. O caminho agora tinha um fim, afinal. E o mais incrível: quando o fim inevitavelmente chegasse, seria o começo do que seja que ele esperasse. No futuro via apenas o mar e mais nada. O mar e a paz. Aquela paz que precisava para fazer o que quisesse. E para descobrir o que queria.<br /><br />Os dias, agora, pareciam ter mais vida. Uma vida que via de uma forma diferente, agora que tinha um sonho. Vida nova. As segundas-feiras ainda eram cinzas, mas faziam parte do caminho. E ele adorava o caminho. O sonho que tinha não serviria de nada sem a estrada que o levasse. Por isso ria até quando tropeçava. E tropeçava bastante.<br /><br />Olhava menos para o relógio, se preocupava menos com os erros, esforçava-se mais quando tinha forças. Sabia que cada detalhe o levaria até lá. E lá era mais importante do que qualquer coisa. Era maior que qualquer destino, qualquer garantia. Tinha um mundo todo para sonhar. E nem precisava dele todo - só um pedaço bastaria.<br /></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-74316530131934216082011-10-08T15:17:00.003-03:002011-10-08T15:42:38.623-03:00O Céu<span style="font-family:Trebuchet MS;"><div align="justify"></div>Meu quarto tem vista pro céu. Eu moro no chão, mas daqui dá pra ver até lá em cima. Foi assim que aprendi a voar, deitado na minha cama. Quando acordo e vejo o céu, tudo lá embaixo fica pequeno, como num sonho. A janela sempre fica fechada, mas quando o dia tá bonito ela abre, como se o mundo me convidasse pra dançar. Eu não sei dançar, por isso vôo.<br /><br />Quando chove, e aqui chove bastante, eu posso ver as nuvens caindo, como se tivessem saudade de encontrar o chão. Deve cansar ficar lá em cima, só observando. Por isso elas caem. Cair é bom. Ainda mais quando você sabe que pode levantar, ficar lá em cima até ter vontade de cair de volta. Como quando você pula e o mundo pula junto com você. Todos caem, mas é como se uma mola invísivel fizesse com que todos pulassem de volta.<br /><br />De noite, do meu quarto, eu vejo as estrelas conversando, como velhas amigas que são. Conversam em uma língua particular, mas eu juro que entendo. Elas falam sobre o infinito, sobre as pessoas e sobre as fofocas do escritório. Não por maldade, mas porque é engraçado. Quando eu canso de ouvir, durmo. Sei lá com o que sonho, mas quando acordo eu sei que o céu me encara, mesmo com a cortina fechada. Me chama pra dançar. Ele tem vista pro meu quarto.<br /><br /></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-389071415949588592011-08-25T00:41:00.012-03:002011-08-29T00:52:32.196-03:00Geléia de histórias<span style="font-family:Trebuchet MS;">Um <a href="http://www.youtube.com/watch?v=CxKWTzr-k6s&ob=av3e">mendigo</a>, um <a href="http://www.youtube.com/watch?v=MS91knuzoOA">garoto suicída</a>, um <a href="http://www.youtube.com/watch?v=xXUry_EeXQA">assassino</a>, <a href="http://www.youtube.com/watch?v=goiWcak1FXg">pessoas em relacionamentos fracassados</a>, um <a href="http://www.youtube.com/watch?v=qM0zINtulhM&ob=av2e">filho de uma puta</a> - quase literalmente -, um <a href="http://www.youtube.com/watch?v=7U7d9mHs8VQ&feature=related">homem de nada</a>. Não, não são personagens de um filme. Nem uma lista de parentes. São eu-líricos de algumas das músicas de maior sucesso de uma das maiores bandas de rock da história: o Pearl Jam.
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<br />Tudo bem, considere-se o contexto. O Pearl Jam foi uma das bandas mais importantes do movimento grunge - a mais bem sucedida, sem dúvida. E o movimento grunge é talvez o momento mais introspectivo e sombrio da história do rock. Não é a toa que o simbolo do negócio todo, o vocalista do Nirvana, Kurt Cobain, se matou aos 27 anos de idade.
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<br />Logo no começo de tudo, quando Eddie Vedder foi convidado a escrever três letras para músicas criadas pelos outros membros da banda, o caminho a ser seguido já estava claro. As três músicas formavam uma história só: "Alive" fala sobre um garoto que descobre que o pai era na verdade seu padrasto. Seu verdadeiro pai já estava morto. Ainda por cima, existe um complexo de édipo mal resolvido entre o filho e a mãe.
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<br />A música seguinte, "Once", conta a história de um assassino que não consegue mais se controlar. Seguindo com o enredo, <a href="http://www.youtube.com/watch?v=bHfDGBalOUE">"Footsteps"</a> fala sobre um homem condenado à morte, que culpa a mãe pelos erros que o levaram até aquela situação. As três músicas se sustentam sozinhas, mas fazem parte de uma só história. O começo é em parte auto-biográfico, já que Vedder de fato descobriu aos 13 anos que seu verdadeiro pai, uma pessoa praticamente desconhecida, já estava morto. O resto é imaginação e inspiração.
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<br />Os personagens de Eddie Vedder mostram as faces mais sombrias da alma humana, são as pessoas invisíveis para a sociedade - o que tavez seja um tanto perturbador para os desavisados. Mas talvez aí também esteja a chave para o sucesso do Pearl Jam: o lado falho do ser humano comum e os seus problemas com a família, com a vida em grupo e com os relacionamentos são os temas mais abrangentes e com mais possibilidades de identificação por parte de quem ouve. O Pearl Jam, em seus primeiros cds, consegue explorar isso como poucas bandas.
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<br />Exemplos não faltam. Em <a href="http://www.youtube.com/watch?v=zgUwd2Gkb-E&ob=av2n">"Daughter"</a>, uma criança com dislexia não é compreendida pela mãe. No refrão, a mãe pede: "Don't call me, daughter. Not fit to. The picture kept will remind me (Não me chame, filha. Não estou pronta pra isso. O porta-retratos vai lembrar de mim)". <a href="http://www.youtube.com/watch?v=-z8esC_xlP8">"Why Go"</a> fala sobre outra menina, posta em um hospital psiquátrico contra a vontade. Segundo Eddie Vedder, essa música é inspirada em uma garota real. Ao verem a filha fumando maconha, os pais consideraram que ela tinha algum problema e a puseram em uma espécie de hospício - aos 13 anos de idade. "Betterman", "Nothingman" e <a href="http://www.youtube.com/watch?v=_EE0M48sgoI&feature=related">"Black"</a> são algumas das canções da banda sobre relacionamentos. Alguns já terminados - de forma traumática -, outros que não deviam mais existir. Por aí vai.
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<br />Em uma entrevista recente, Eddie Vedder admitiu que seu processo de escrita mudou bastante nos últimos anos, o tornando mais otimista nas canções dos últimos trabalhos do Pearl Jam. Isso é claramente visto no cd mais recente da banda ,"Backspacer", de 2009. Músicas como <a href="http://www.youtube.com/watch?v=PdF1Rqet9E8&ob=av3n">"The Fixer"</a> e <a href="http://www.youtube.com/watch?v=wIM41EbHbgc">"Speed of Sound"</a> transbordam esperança, mesmo com os problemas de sempre.
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<br />Nem melhor nem pior, o novo Pearl Jam é diferente, com uma visão mais política e mais humanitária do mundo. As canções continuam boas, e de certa forma estão mais maduras. Há algum tempo a banda não produz personagens tão profundos quanto aqueles das primeiras canções, já marcados para sempre na história, e isso talvez decepcione os saudosistas. Mas o momento é outro. Para o bem da música, a banda se recicla. E para o bem da música, aquelas histórias e aqueles personagens um dia foram contados. Alguém precisava falar deles.
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<br />O Pearl Jam volta ao Brasil em novembro deste ano, seis anos depois da primeira visita ao país, em 2005. Além disso, em setembro será lançado "Pearl Jam: Twenty", um documentário contando os 20 anos da banda.
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<br /></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-62658563396883682192011-06-24T00:56:00.002-03:002011-06-24T01:33:11.880-03:00Achado<span style="font-family:Trebuchet MS;">Eu não escolho. Eu sou escolhido.<br /><br />Pode parecer um pouco arrogante, mas é verdade. Pode parecer um pouco inocente e até submisso, se você preferir, mas é assim. É difícil explicar, mas sempre foi assim. É como se eu tivesse algumas definições estabelecidas no meu cérebro e as coisas simplesmente se encaixassem </span><span style="font-family:Trebuchet MS;">de tempos em tempos</span><span style="font-family:Trebuchet MS;"> pra completar o quebra-cabeça na minha cabeça.<br /><br />Eu sei do que gosto. Pra minha sorte, o universo parece saber também. Não é tão difícil assim, também. Tem que fazer sentido e tem que encantar. Senão não é meu. Mesmo que dure pouco e que logo perca o sabor, o que é meu por um segundo é meu pra sempre. E isso ninguém tira.<br /><br />Às vezes parece só coincidência, mas eu sei que não é. Um livro numa estante escondida é só um livro. Um livro escolhido ao acaso, por uma pequena simpatia. E quando eu percebo, ele sabe mais de mim do que eu mesmo. Não é coincidência.<br /><br />Acontece com tudo. Desde as pessoas com quem eu me envolvo até a carreira que eu 'escolhi'. Eu não escolho. Mesmo que eu queira ir atrás de músicas que eu imagino que vá gostar, não adianta. São elas que precisam vir até mim. De mansinho. E elas vêm. Sem fazer barulho. Aparecem no momento certo. No exato momento em que eu preciso delas. Quando eu percebo, já são parte de mim.<br /><br />Já procurei demais, já pensei demais no que querer, no que fazer, mas nunca achei nada, de fato. Só consegui entender um pedaço mínimo do meu mundo nas vezes em que ele veio bater na minha porta pra tomar um chá e conversar. Que o mundo continue me achando, mesmo que eu me perca.<br /></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-54158117419652040362011-04-22T00:31:00.002-03:002011-04-22T00:53:25.541-03:00Ele olhou pra elaHistórias acontecem em poucos segundos. O que demora é a gente contando todo o contexto, todos os meios que levaram a aquele determidado fim. A história não. Ela acontece num piscar de olhos.<br /><br />Ou num olhar. Forte, sincero e rápido. Ele olhou pra ela. Mais clichê, impossível. Ele olhou pra ela e viu alguém que já conhecia. De longa data e longa dor. Se encontraram por acaso, como acontece só nos filmes.<br /><br />Ambos sozinhos, no parque e na vida. Ele não fazia nada, ela caminhava. Quando se cruzaram na calçada, se olharam, como não se olhavam há muito tempo. Ela parou, ele levantou. Ele olhou pra ela.<br /><br />Durante poucos segundos. Parados na sombra da árvore, se cumprimentaram, mas ele não lembra o que disseram. Provavelmente perguntaram um ao outro sobre a vida, sobre as respectivas famílias, sobre aquela dor de sempre no ombro, sobre aquele emprego que um dos dois queria no fim da relação.<br /><br />Não importa. Durante aqueles poucos segundos que se olharam, ele só conseguiu pensar em uma coisa. Em uma conclusão que parecia tão óbvia, tão primária: "eu não preciso dela". Pela primeira vez na vida podia dizer isso com convicção a si mesmo. Não precisava, de fato.<br /><br />Ela sorriu algumas vezes, ele também. Ela desviou o olhar, ele também. Ela se despediu e voltou a andar. Ele sentou. De repente levantou e chamou.<br /><br />- Você não quer tomar um chá?<br />- Só se for de camomila com menta, do jeito que você odeia<br /><br />Enquanto conversavam e riam na padaria ao lado do parque, ele pensou com sinceridade que dessa vez as coisas podiam dar certo.Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-41736764909007045852011-03-21T00:54:00.003-03:002011-03-21T01:41:18.747-03:00O carrasco<span style="font-family:Trebuchet MS;"><div align="justify"></div>Tem alguma coisa errada, disse o carrasco. Alguma coisa que não pode mais ser consertada. Algo dentro de você que foi embora muito cedo e que não voltará. Não nessa vida.<br /><br />Eu sempre senti esse erro, esse vazio, mas nunca me deparei com alguém que também visse. É impossível, eu pensava. Mesmo que meu rosto demonstre minhas convulsões internas e que meu olhar se perca todos os dias, é impossível que alguém saiba.<br /><br />Tem alguma coisa errada.<br /><br />A vida gira e roda e se encaixa perfeitamente, em um carrossel de coincidências e sinais, que levam a lugar algum. Mas ainda assim esconde uma perfeição vista poucas vezes, quando se olha para ela com o canto do olho, quase sem querer olhar.<br /><br />A vida se encaixa e gira e roda e segue, mas essa escuridão aqui dentro sempre está ali, sentada num canto, só esperando o momento de tomar conta de tudo. E o momento sempre chega. É inevitável.<br /><br />O carrasco viu tudo isso quando me olhou. Ele viu a escuridão. Mas já era tarde. Tinha um trabalho a fazer. Me colocou um capuz preto, afiou o machado e completou minha execução. Então ligou para a mulher, perguntando se era a vez dele de buscar as crianças na escola.<br /></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-52161766492942110462011-02-03T02:07:00.001-02:002011-02-03T02:08:28.412-02:00Induzir<span style="font-family:Trebuchet MS;">Vejo que um dos maiores prazeres que se pode ter é se fazer entender, de forma clara, e, principalmente, profunda. No entanto, para isso acontecer em sua plenitude, nada melhor do que precisar se expressar o menos possível. É a arte de ver o outro te compreender.<br /><br />Uma palavra, uma imagem, um gesto que coloque tudo diante de seus olhos e de sua mente. Ou, simplesmente um pensamento, que não precisa ser divulgado para ser compreendido. Que possa ficar restrito ao entendimento de apenas quem interessa, de quem consegue entender a mensagem como você a construiu - apenas naquele detalhe, mínimo e sutil. Gosto de ser discreto, de falar pouco, e gosto mais ainda quando os resultados dessa maneira de ser são reconhecidos de alguma maneira, compreendidos na sua forma.<br /><br /></span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_qO4IVbvJS7g/TUopRJoqQVI/AAAAAAAAAYs/TOQW3pzNNWg/s1600/vivo%2Bbebado.jpg"><img style="float: right; margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer; width: 205px; height: 246px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_qO4IVbvJS7g/TUopRJoqQVI/AAAAAAAAAYs/TOQW3pzNNWg/s320/vivo%2Bbebado.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5569309263818015058" border="0" /></a><span style="font-family:Trebuchet MS;">Acho que muita gente faz farra, solta foguetes, divulga imagens ou "quer falar diante das câmeras" por conta de algum impulso besta. Um jeito desvalorizar e esconder tod</span><span style="font-family:Trebuchet MS;">o o processo que eleva a capacidade de estabelecer uma comunicação por meio de apenas um recurso mínimo. Um atalho, que maquia sua real capacidade.<br /><br />Bem, para pedir a conta no restaurante, você pode apenar olhar para o garçom e olhar, em seguida, para a sua mesa, vazia. Mas, há quem prefira jogar a mesa para cima, dar um shoryuken nela, emitir alguns gritinhos e brabar: "PASSA A RÉÉÉÉÉGUA, MY BROTHER!". Tudo isso enquanto a camisa do ser já denuncia que ele precisa sempre escrever tudo por pelo menos 20 linhas para se fazer entender - supondo que a imagem ao lado seja a camisa em questão.<br /><br />Deve ser coisa da tal sociedade do espetáculo.<br /><br /><br />- Bem... no final das contas, não consegui passar o que queria com esse texto. Seria algo como "se preserve, seja você mesmo, e não deturpe nem a si nem aos próximos na tentativa de ser compreendido pelos demais, seja por meio físico ou cibernético". Acabou que parece que estou bêbado e drogado.<br /><br />Na verdade, estou postando uma tentativa de desabafo em um blog, lugar onde todos podem ler. Santa controvérsia, se é que você me entende.<br /><br /><br /></span>Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/00401006243434754848noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-64336505842082343112010-12-30T22:29:00.003-02:002010-12-31T16:51:34.901-02:00OndeAcho que todo mundo, desde sempre e em qualquer lugar do mundo, tenta encontrar um lugar que possa chamar de seu. Um lugar que signifique conforto. E não, não vale o seu quarto na casa dos seus pais. Esse todo mundo tem. Nem que seja um canto de uma marquise pra um sem-teto, ou um pedaço de rua pra um desabrigado. Todo ser humano tem um canto próprio onde mora. O lugar de que falo tem que ser diferente. Tem que ser um lugar no mundo. Um lugar que dê segurança mesmo longe de casa e, vá lá, inspiração mesmo fora da mente. Encontrar um lugar próprio é uma arte.<br /><br />Os amadores muitas vezes caem no erro de escolher bons lugares por bons momentos que aconteceram lá. Um encontro, um beijo, um abraço, uma conversa. É um bom método, mas vai dizer pra lembrança que fique lá enquanto a vida continua. Nossas experiências mudam e os lugares, muitas vezes, perdem o valor. Acho que lugares escolhidos de acordo com acontecimentos são importantes, principalmente pra gente passar, olhar e dizer: "Eu já estive ali" ou "Eu já fiz merda ali" ou "Nossa, meu dente deve estar naquele lago ali ainda".<br /><br />Mas, não. Também não é desses lugares que eu tô falando. O lugar de que eu tô falando não depende da nossa segurança ou de alguma lembrança marcante. Não depende nem do que a gente acha ou faz. O nosso lugar no mundo não depende da nossa escolha. É ele que escolhe.<br /><br />Não fui eu que escolhi entrar pela entrada 102 da Baixada logo depois de virar sócio, ficar do lado da escada e decidir que ali era meu lugar no estádio do meu time. Tudo bem, é a primeira entrada depois das catracas e isso pode ter ajudado na escolha. Mas não fosse meu atraso, meu cansaço e minha pressa de entrar logo e ver o jogo, não seria ali que eu ficaria. No entanto, toda vez que eu tô ali, do lado daquela escada, eu tô no meu quarto na casa dos meus pais.<br /><br />Não é a segurança, ou o conforto, ou a localização. Não é o melhor lugar do estádio. Mas é meu lugar. E isso ninguém muda. Assim como ninguém muda o pôr do sol da Avenida Sete de Setembro, no centro da cidade, na altura do Shopping Curitiba. Ali, num dia bonito, quase às 6 horas - ou às 8, no verão - também é meu lugar. Você vai dizer que existem outros pores-do-sol (Sim, é esse o plural. Eu procurei no Google) mais bonitos, mais vistosos, com mais natureza e coisas espetaculares. Mas aquele da Sete é meu. Eu gosto da luz invadindo os prédios e do sol que deixa tudo invisível. Eu gosto de olhar pro outro lado e ver as nuvens e a chuva anunciada - afinal, estamos falando de Curitiba. É meu lugar.<br /><br />Vá encontrar o seu.<br /><br /><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/7e4ySOLj94c?fs=1&hl=pt_BR&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/7e4ySOLj94c?fs=1&hl=pt_BR&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-40900607805414886982010-10-30T01:01:00.007-02:002010-10-30T01:36:03.653-02:00Come back and save us, Rinoceronte Cacareco<span style="font-family:Trebuchet MS;">Alguém que não é militante de partido <span style="font-style: italic;">X-left</span> ou <span style="font-style: italic;">Y-right</span> está satisfeito com as opções de voto para a eleição presidencial de 2010?</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_qO4IVbvJS7g/TMuQhK6NUBI/AAAAAAAAAUs/F5WIAi55jh8/s1600/urna_eleicao_medo.jpg"><img style="float: right; margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer; width: 320px; height: 210px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_qO4IVbvJS7g/TMuQhK6NUBI/AAAAAAAAAUs/F5WIAi55jh8/s320/urna_eleicao_medo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5533675466693365778" border="0" /></a><span style="font-family:Trebuchet MS;">Se no primeiro turno ainda e</span><span style="font-family:Trebuchet MS;">xistia a possibilidade de ar</span><span style="font-family:Trebuchet MS;">riscar um ti</span><span style="font-family:Trebuchet MS;">ro</span><span style="font-family:Trebuchet MS;"> no escu</span><span style="font-family:Trebuchet MS;">ro em nome de </span><span style="font-family:Trebuchet MS;">uma terceira via, agora resta apenas a </span><span style="font-family:Trebuchet MS;">árdua batalha de cada pessoa com sua mente. É o ato de decidir entre o menos pior, aquele que combina um pouco mais com seus pontos de vista - mesmo que ainda de longe.</span><br /><span style="font-family:Trebuchet MS;"><br />Anular é uma opção tão válida quan</span><span style="font-family:Trebuchet MS;">to escolher algum dos nomes dis</span><span style="font-family:Trebuchet MS;">poníveis. Infelizmente, a tradicional lenda urbana de que seria possível suspender a eleição se os votos nulos chegassem a uma grande quantidade é, efetivamente, uma lenda urbana. Claro, existe o argumento de que o grande número de votos nulos vão servir como respaldo para mostrar que há muita gente insatisfeita com o que há por aí. No entanto, em efeitos práticos, a coisa se complica...<br /><br />O país já se mobilizou para tirar um presidente do poder, e conseguiu. Anos depois, o povo reelege o cara - Collor foi eleito senador, em</span><span style="font-family:Trebuchet MS;"> Alagoas. Aqui no Paraná, foi deflagrado um esquema absurdo na Assembleia Legislativa. Nosso dinheiro e nossa fé das urnas foi para as mãos de funcionários fantasmas. A população foi às ruas, com uma indignação com prazo de validade. Correram as eleições, e os votos garantiram a permanência de gente que teve envolvimento direto nas maracutarias. E aí?<br /><br />Arrisco dizer que a guerra diária de nosso povo é o que pauta o continuismo e o comodismo. Vivemos em correria, pelo sustento, pelo estudo, pelo que vier. A revolta só tem tempo para despontar diante das manchetes dos telejornais. E esta costuma morrer antes mesmo do tema de abertura da novela.<br /></span><br /><br /><span style="font-family:Trebuchet MS;">Mais fácil um dálmata andar de bicicleta do que a situação política mudar neste país.<br /><br /><br /></span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://lh6.ggpht.com/_pi4HKeedd1I/TIWVfxKJ2EI/AAAAAAAAABs/3mjCXUbi1_o/segunda.gif"><img style="float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt; cursor: pointer; width: 266px; height: 201px;" src="http://lh6.ggpht.com/_pi4HKeedd1I/TIWVfxKJ2EI/AAAAAAAAABs/3mjCXUbi1_o/segunda.gif" alt="" border="0" /></a><br /><span style="font-family:Trebuchet MS;"><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-style: italic;">(Eu avisei...)</span><br /><br /><br /></span>Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/00401006243434754848noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-19978740924286876402010-10-25T15:32:00.005-02:002010-10-25T19:20:44.167-02:00A revelação<span style="font-family:Trebuchet MS;"><div align="justify"></div>Bomba!<br /><br />Deus e o diabo são a mesma pessoa. É notícia quente, fonte segura. Tenho informações de dentro do esquema. Meu informante pediu sigílo absoluto, mas diante de tamanha importância do fato, decidi compartilhar com o povo. É meu dever como cidadão. Pra provar a veracidade da história, vou contar tudo que me lembro.<br /><br />Era uma noite chuvosa em Curitiba. Após fazer amor com minha namorada Rosane, decidi tomar uma dose de Whisky. Fui até o bar e percebi que a garrafa estava vazia. Logo imaginei que Rosane pudesse estar bebendo escondida, o que explicaria aquele comportamento evasivo das últimas semanas, mas essa ideia rapidamente me pareceu estúpida.<br /><br />Rosane estava especialmente desafiadora aquela noite. Por isso decidi esvaziá-la, dobrá-la e guardá-la em sua gaveta. Eu não aguentava mais olhar pra aquela boca aberta, com aquele ar de deboche. Nosso relacionamento estava por um fio.<br /><br />Me vesti, fechei o apartamento e desci. A chuva estava forte, mas o Bar do Tonhão era logo ali na esquina. Cheguei lá encharcado e sentei no balcão, no mesmo lugar de sempre. Não reparei de primeira a figura sentada lá no canto, escondendo o rosto. Quando me dei conta, perguntei pro Tonhão quem era o tal, mas ele não soube dizer.<br /><br />Depois de beber socialmente, como sempre, cambaleei até o desconhecido, não sem antes tropeçar nas 5 pessoas que estavam no caminho. Elas estranhamente eram muito parecidas e faziam os mesmos movimentos, mas essa cidade tem tanta figura estranha que eu nem me importei.<br /><br />Chegando ao meu destino, abracei calorosamente o cidadão e perguntei qual a razão de tanta timidez. Ele também muito sóbrio, muito polido, desandou a chorar copiosamente e a falar coisas sem sentido. Só se acalmou quando eu pedi uma garrafa da pinga caseira do Tonhão.<br /><br />Foi aí que ele me contou a história. Consta que meu amigo era secretário-geral do partido de Deus lá no céu. Uma espécie de anjo responsável pelas contas do negócio. Entre um copo e outro, ele disse que gostava muito do trabalho. Era meio massante, o pessoal era meio condescendente, mas o salário era bom e as festas de fim de ano sempre tinham Jesus Cristo em pessoa, animando a galera com piadas sobre a frouxidão de São Pedro.<br /><br />Tudo corria muito bem. Até que um dia, depois de uma festa da empresa, meu informante estava procurando o banheiro quando, sem querer, entrou no camarim de Deus. Chorando novamente, ele me disse que nunca deveria ter bebido tanto aquela noite. Segundo ele, Deus estava lá, de frente para o espelho, vestindo uma roupa de diabo e fazendo caretas pra si mesmo. Ao ver meu amigo, o Senhor tentou disfarçar, dizendo que era apenas sua fantasia para a festa de dia das bruxas, que era um presente de Jesus, dado por pura molecagem, mas não teve jeito.<br /><br />Deus então confessou. O verdadeiro diabo tinha desistido de reger o inferno séculos atrás, logo depois de perder a casa aqui na Terra numa aposta, o consequente abandono de sua mulher e dos amigos, e a inevitável depressão que isso causou ao pobre. Dizem que hoje ele vive no Hawaii, surfando nas horas vagas e cuidando de um restaurante.<br /><br />Deus tentou arranjar um substituto, mas ninguém queria a responsabilidade de ser a encarnação do mau. O único jeito que Ele encontrou foi bater o cartão diariamente no céu e, em dias alternados, dar uma passada no inferno. Sentenciar alguns bandidos, definir alguns castigos, essas coisas que se faz por lá. Até aquele dia ninguém tinha descoberto.<br /><br />Meu informante ficou abismado. Era agora conhecedor do maior segredo de Deus! Mas o Senhor, com a desculpa de manter o equilíbrio entre o céu e o inferno e essa besteira toda, disse que ele não poderia continuar sendo anjo sabendo tanto. Meu amigo ficou petrificado. Tentou argumentar, mas sem sucesso. Disse até que, em último caso, ficava ele no lugar do diabo. Diante dessa oferta, Deus levantou da cadeira, usou a máscara - única peça que faltava - e disse: "Sinto muito, camarada. Se eu aceitasse, como eu faria pra aturar aquele bando de gente chata sem descarregar minhas energias no inferno? Ninguém aguenta ser bonzinho o tempo todo não!" E paf, mandou ele aqui pra Terra.<br /><br />Depois desse relato, minha fonte estava esgotada. Eu falei pra ele ir ao banheiro, lavar o rosto e se recompor. Quando ele levantou, deu pra ver as asinhas encolhidas por debaixo da blusa. Estava um trapo. Assim que ele foi, saí em disparada pela porta. Um segundo depois voltei, peguei a garrafa de pinga ainda pela metade e saí correndo de volta.<br /><br />Enquanto caminhava de volta ao apartamento, pensei nas oportunidades que essa descoberta me proporcionaria. Enquanto pensava, tropecei na minha perna esquerda e caí na vala ao lado da rua. Cheguei à conclusão de que ali era um bom lugar para dormir. Enquanto pegava no sono, pensei em Rosane e no seu ceticismo. Ela nunca acreditaria em mim.<br /><br /><br /></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-35476867102553682972010-10-23T19:42:00.001-02:002010-10-23T19:43:52.715-02:00Marechal de asfalto<!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> 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A rua que leva e traz teria do que reclamar. Mas continua lá, levando e trazendo em silêncio. Aceitando com gentileza e servidão quem passa por cima e a trata com desprezo. Quem nem lembra que ela esta lá. A rua leva e traz quem não a conhece. Mas não faz mal. Lá no fundo, ela sabe que todos sabem da sua importância. É a segunda maior da cidade, afinal. São mais de 12 quilômetros de asfalto, buraco e um pouco de calçada.</p> <p class="MsoNormal">Alguém talvez pergunte a razão de tanta submissão. “Ora, vamos lá, segunda maior? Tenha ambição!” dirá o inconformado. Dirá, inclusive, para ela usar a fama de rua mais perigosa da capital para assustar quem a quer assim, em segundo lugar. Mas deitada lá, no coração da cidade, ela responde<span style=""> </span>em silêncio: “É o meu destino...”</p> <p class="MsoNormal">Não por que os homens que a construíram assim quiseram. Seu destino começou a ser traçado muito longe dali. Em Maceió, no saudoso ano de 1839, nasceu alguém fadado a ser grande. Mas não a ser o maior. Floriano Vieira Peixoto nasceu para ser o segundo presidente do Brasil. Nasceu para ser o Marechal de Ferro. Apelido imponente. Másculo como o bigode que trazia sempre no rosto. E ai de quem o chamasse, mesmo nas horas mais íntimas, de “Flor”. </p> <p class="MsoNormal">Quis a história que outro Marechal fosse o primeiro. Não satisfeita com o mal que isso causou a Floriano, quis também essa velha rabugenta chamada história que o primeiro fosse Manuel Deodoro da Fonseca, desafeto de Floriano. Quis a história que assim fosse.<span style=""> </span>Deodoro da Fonseca, <span style=""> </span>primeiro presidente do Brasil. Deodoro da Fonseca, proclamador da república. Floriano Peixoto, o vice. O segundo.</p> <p class="MsoNormal">A rua sabe disso tudo e aceita seu destino. É assim que as coisas são. Vida de rua é difícil. Ser a segunda maior? Sem problema. A maior é a Juscelino Kubistchek, grande presidente. É merecido. Maus tratos dos carros e do tempo? Paciência. Ninguém mandou ser rua. Mas tem uma coisa que a irrita. Tem apenas uma coisa que a tira do sério e faz seu asfalto ferver.</p> <p class="MsoNormal">Lá na frente, quando ela está quase no seu ápice, a outra está lá para cruzar o seu caminho. Marechal Deodoro da Fonseca, em carne e asfalto. No centro da cidade. Pra lembrar a todos quem foi mais importante. Durante todo o dia, ela não vê a hora do sinaleiro abrir pra seguir o seu caminho. Quando está ali, cruzando com a outra marechal, quase sai andando sozinha. Maldito destino.</p> <p class="MsoNormal">Mas tem uma coisa que a rua não sabe. Quando os marechais se encontram, onde quer que estejam, e Deodoro começa a importunar Floriano, o Marechal de Ferro ajeita o bigode, se arruma dentro da farda e diz, com o queixo erguido, do alto da sua masculinidade: “Minha rua é maior que a sua”. Deodoro sempre fica sem resposta.</p>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-54459834797525194942010-10-14T00:05:00.002-03:002010-10-14T01:28:27.255-03:00Bem-te-quer, mal-me-quer<span style="font-family:Trebuchet MS;">Alguém me disse numa dessas últimas noites frias pra que eu não escrevesse apaixonado. De acordo com esse alguém, o sentimento acaba confundindo as idéias e atrapalhando tudo. Faz sentido. Pra escrever sobre alguma coisa, decidi escrever sobre a paixão em si então, e não com ela no coração. Ou, pelo menos, não sobre o que ela me faz, no momento.<br /><br />Sobre a paixão de todos e suas razões.<br /><br />Pra começo de conversa, beleza é importante. Muito importante. Quem diz que não tá mentindo. Pros outros ou pra si mesmo. Beleza atrai o olhar e te faz prestar atenção. Mas beleza, ao contrário do que prega o senso comum, a televisão e a tua avó, é um conceito bastante individual. Tem beleza que é óbvia e tem beleza que só é vista por alguns olhos. Particularmente, belezas particulares sempre me chamaram tanta atenção quanto belezas escancaradas. Depende do dia.<br /><br />Beleza é importante. Mas nós não nos apaixonamos pela embalagem. Não só pela embalagem, pelo menos. Depois que a beleza, óbvia ou particular, chama a atenção, tem outros detalhes que completam o serviço sujo. Nós nos apaixonamos por uma mão gelada, que de alguma forma parece encaixar na nossa. Ou por uma atitude forte, que nos toma de surpresa num final de tarde que não prometia nada. Por uma personalidade imensa, que parece tomar conta de qualquer lugar que está. Ou por uma frágil, precisando sempre de colo.<br /><br />Às vezes, nós nos apaixonamos pela idéia que fazemos de alguém, mas geralmente quando isso acontece, a realidade é dura demais e nos faz perceber que idéias são fortes, mas não suficientes. Nós nos apaixonamos de verdade mesmo por um abraço. Ou por uma risada sincera. Pela sinceridade em si, ou, às vezes, pela preocupação que a outra pessoa tem em fazer com que a realidade pareça menos chuvosa e nublada.<br /><br />Ele era pobre, tinha uma profissão sem futuro e nem era tão bonito assim. Mas depois da primeira conversa, ela não pensava em outra coisa a não ser contar pra melhor amiga como ele era fofo e educado. Ou grosso e mulherengo. Ou inteligente e engraçado. Depende. Não tem explicação. Às vezes nós nos apaixonamos porque somos carentes e a outra pessoa demonstrou interesse. Cético demais? Talvez. Mas acontece.<br /><br />Ela tinha um nariz meio estranho, mas era engraçada naturalmente, sem forçar, além daquele beijo vertiginoso e aquele corpo dentro dos padrões. Ele não queria compromisso, mas sem perceber tinha ciúme até dos postes na rua e pensava nela com um sorriso idiota no rosto. Não dá pra planejar. Às vezes nós nos apaixonamos perdidamente por alguém que pede ajuda pra encontrar o carro no estacionamento de um shopping as 3 da tarde de um domingo mais ou menos. Piegas demais? Com certeza. Mas acontece.<br /><br />Paixão não é amor. Sei lá o que é amor, na verdade. Deve ser se apaixonar todo dia, de formas diferentes, pela mesma pessoa. Ou todos os meses, pelo menos. Amor deve ser não tentar afogar o companheiro no aquário do quarto das crianças depois de 10 anos de casamento. Só imaginar a cena ainda é amor, eu acho.<br /><br />Amor é complicado. Vamos voltar ao foco. Nós nos apaixonamos pelo jeito de andar. Ou pela postura. Ou pelos pés. Ou por uma boca. </span><span> Ou pela cara séria que ela faz quando tá no teatro.</span><span style="font-family:Trebuchet MS;"> Ou pelo jeito debochado que o outro tem de falar. Tem gente que se apaixona até porque a pessoa é boa e altruísta. Vai entender.<br /><br />Falar sobre razões e motivos é confuso. Às vezes não tem razão nenhuma. Motivo nenhum, mas aquele maldito rosto não sai da tua cabeça. É tão confuso que muitas vezes a vítima nem sabe que se apaixonou. Os sintomas são claros, mas dá medo de admitir, ou de arriscar. É um assunto tão confuso que eu não sei como terminar o texto. Bem que me disseram pra não escrever apaixonado, que isso podia embaralhar as idéias. Mas pera aí, eu não tô apaixonado.<br /><br />Tô?<br /><br /><br /></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-51616525668928532632010-09-27T09:29:00.004-03:002010-09-27T10:58:32.705-03:00Dicas da semana<span style="font-family:Trebuchet MS;"><br />Sem conseguir escrever grandes textos por conta de problemas mentais, vou postar algo prático neste respeitoso blog.<br /><br />São fatos baseados em diversas observações conclusivas que tive nas últimas semanas. Não que eu já consiga por todas essas constatações em prática, mas, pelo menos já tenho uma suposta ideia de como deveria agir para evitar alguns desgastes do dia-a-dia.<br /><br /><br />- <span style="font-weight: bold;">Não dê atenção para o que elas pensam.</span></span><a href="http://2.bp.blogspot.com/_qO4IVbvJS7g/TKCi4T1e0yI/AAAAAAAAATo/hfhUJlX9Yic/s1600/quefoiqueeufiz.bmp"><img style="float: right; margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer; width: 320px; height: 244px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_qO4IVbvJS7g/TKCi4T1e0yI/AAAAAAAAATo/hfhUJlX9Yic/s320/quefoiqueeufiz.bmp" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5521592231437194018" border="0" /></a><span style="font-family:Trebuchet MS;"><br />Isso desencadeia um processo praticamente irreversível.<br /><br />- <span style="font-weight: bold;">Não dê corda para gente fresca, mimada ou folgada demais.</span><br />Isso desencadeia um processo irreversível.<br /><br />- <span style="font-weight: bold;">Procure sempre estar mais alegre do que o normal.</span><br />As coisas rendem mais, as pessoas te atormentam menos, e o relógio parece sair do ponto morto.<br /><br />- <span style="font-weight: bold;">Na dúvida, leve guarda-chuva.</span><br />Havendo espaço para carregar, não hesite. Extra-oficialmente, São Pedro foi diagnosticado como bipolar.<br /><br />- <span style="font-weight: bold;">Se seu ouvido não é penico, aceite que nenhuma música que venha a ser criada é melhor do que o que já foi inventado.</span><br />Ou seja, se quer ouvir algo decente, não espere que isso venha da atual geração brasileira de colorful-emos & sertanejos-universitários. E lá fora, bem... o expoente inspirador do momento é nada menos que "Lady Gaga".<br /><br />- <span style="font-weight: bold;">Não vire seu pé, nem torça seu tornozelo.</span><br />São aventuras muito perigosas, que te deixam temporariamente manco - e também infeliz, caso você precise correr pra pegar o ônibus ou fugir de um rottweiler.<br /><br />- <span style="font-weight: bold;">Se não estiver especificamente afim de conversar, não fique online no MSN.</span><br />As chances de aparecer alguém lhe pedindo favores insanos são enormes.<br /><br />- <span style="font-weight: bold;">Se você mora com seus pais e algo dá errado em casa, você será eleito culpado.<br /></span>Inapelavelmente. Desde uma mancha na parede, passando pelo valor da conta de luz, até chegar em um fuzil iraniano escondido na geladeira. E, se você argumentar, ganhará ainda mais culpa na conta. Lembre-se que isto é algo irremediável, e que irá acontecer periodicamente.<br /><br />- <span style="font-weight: bold;">Se você quer ganhar dinheiro com um blog ou apenas fazer sucesso na internet, faça vídeos.</span><br />O potencial público consumidor sofre taquicardias e começa a cuspir sangue se tiver que ler frases que ultrapassem 140 caracteres.<br /><br />- <span style="font-weight: bold;">Grandes sacadas ou ideias que possam render devem ser anotadas.</span><br />Se você não anotou, esqueça. Uns 65% de tudo que você pensou irá para o limbo.<br /><br /><br />É, eu tinha algumas coisas boas na cabeça, mas esqueci agora que fui escrever. Isso, aliás, renderia um vídeo desses canais de vlogs, com o cara olhando pra câmera e falando de forma cômica sobre pequenos lamentos do cotidiano.<br />Por enquanto, vou escrevendo.<br /><br /></span>Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/00401006243434754848noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-91119334901600854392010-09-07T21:17:00.003-03:002010-09-07T23:05:03.676-03:00Ocupado<font face = "Trebuchet MS"><div align=justify></div></font><br /><br />Tinha medo de telefone. Nenhum motivo racional ou razão sobrenatural pra isso. Nenhum trauma de infância. Tinha medo. Quando ligavam pro escritório, dava um jeito de sair de perto. "Meu Deus, preciso falar com o Pedrão" e saía apressado. Em casa, só um computador. Nada de ligações.<br /><br />Já tinha até uma tática pré-definida pra quando a mãe ligasse pro escritório. Tirava o telefone do gancho, dizia oi, falava "tudo bem" e perguntava "Como vão as coisas?". Aí era só deixar o telefone em cima da mesa e ir fazer seus afazeres. Depois de meia hora voltava, falava "uhum" algumas vezes e depois se despedia, dizendo que precisava resolver algumas coisas. Era batata. Mais tarde, conversava com o irmão pelo MSN e conferia se estava perdendo algo importante. Quase nunca estava.<br /><br />Uma vez uma secretária distraída disse pra um cliente que ele estava no escritório. Aquele dia ficou conhecido como "O dia da grande tormenta angustiante". Teve que atender. Conversou por 10 longos minutos com o cara. Quando desligou, suava. A secretária era sua amiga de infância. Tinham crescido juntos, conversavam sempre, davam risada juntos. Foi demitida no ato.<br /><br />Sabia que não era uma condição normal, mas nunca tivera grandes problemas. Seguia com a vida. Um dia, um amigo o chamou, pessoalmente, pra um bar que havia inaugurado recentemente. "Não tem telefone lá!", disse, brincando. Ele foi. Não tinha telefone mesmo. Bebeu, riu, conversou, até conheceu uma menina. Ficaram horas conversando. Tinham tudo em comum. Umas três vezes disseram "Adoro essa música" juntos. <br /><br />Fazia tempo que não conhecia alguém assim. Aliás, desde que tinha se separado, mais de 2 anos atrás, não conhecia alguém. Pensou na solidão do apartamento. Dos dias frios e quentes que passava sozinho. Não teve dúvidas: "Me passa teu MSN?". Ela desviou o olhar. "Sabe, não leva a mal, mas eu tenho um probleminha com esse negócio de conversa por computador". A noite já estava no fim, eram praticamente os últimos no bar. "Mas eu te passo meu telefone! A gente pode marcar algo pra amanhã!" <br /><br />Ele levantou da cadeira dizendo que, na verdade, estava ocupado demais nos próximos dias. Saiu assobiando pela porta da frente.Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6465615912865475210.post-70218295747076898172010-08-07T22:16:00.012-03:002010-08-09T23:16:31.642-03:0019 anos<span style="font-style: italic;" class="editable_area">"Some are melodies, some are the beat,<br />sooner or later they'll all be gone,<br />why don't they stay young</span><span style="font-style: italic;">?"</span><br /><span style="font-family:Trebuchet MS;"><br />É relativo. Todos somos jovens ou velhos, depende do ponto de vista. Na verdade, a idade é apenas um dos fatores. Ter nascido pouco tempo atrás não dá garantias para ninguém. Na verdade, ter pouco tempo pela frente algumas vezes acaba libertando qualquer um. E qualquer um com pouco tempo acaba enxergando mais oportunidades. Ser jovem, no final das contas, é ainda conseguir ver e aproveitar as alternativas que se escancaram na frente de qualquer um.<br /><br />O corpo, alheio ao que acontece por dentro, envelhece a olhos vistos. Quanto a isso, é pouco ou quase nada o que pode-se fazer. A não ser entender a mudança e jogar com ela. Às vezes é pro bem, às vezes não, mas é. Sempre é. Tudo sempre muda. E é inevitável que o novo venha e cumpra seu papel.<br /><br />A novidade impressiona, cativa, se esgota e é substituída. Quando é deixada de lado, só lhe sobra a lembrança como companheira. Mas até mesmo a lembrança uma hora se cansa e vai embora. A novidade é quase instantânea e sempre acaba.<br /><br />Mas o que é velho para um olhar, pode ser novo para outro. Quase sempre é. Depende, sempre, do ponto de vista. O próprio tempo, nosso eterno inimigo, pode às vezes ajudar. Com o tempo amadurecemos, com o tempo mudamos e com um tempo distantes do que nos já era velho e conhecido, nos vemos sob um novo ponto de vista. Quase como se conhecêssemos outra vez. É relativo.<br /><br />Quem dera fôssemos jovens para sempre e sempre trouxéssemos conosco a paixão e o encanto de sermos sempre novidade.<br /><br /><object width="500" height="405"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/rQi8wEHMm5Y&hl=pt_BR&fs=1?color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/rQi8wEHMm5Y&hl=pt_BR&fs=1?color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="500" height="405"></embed></object><br /><br /><br /></span>Brunohttp://www.blogger.com/profile/13165891434766534102noreply@blogger.com0