sábado, 23 de maio de 2009

Nós, os malucos




Cérebro é um negócio estranho. Principalmente quando não funciona direito. Eu desconfio que se eu procurar algum tipo de analista, ele vai acabar achando algum tipo de problema no meio das minhas paranóias. As melhores pessoas que eu conheço tem surtos constantes. E, sinceramente, não vejo isso como um defeito.

Eu desconfio mesmo é daquelas pessoas que acham que são normais. Os psicopatas devem achar que são normais. Serial Killers devem se achar perfeitamente enquadrados nesse mundo. Quem ouve Calypso deve achar isso normal. Quem se acha normal retrai as paranóias, mantém as angústias atrás de uma cortina de pose. Chega uma hora que a cortina cai e o cara explode. Se explodir só a si mesmo, o menor dos males. O problema é que muitas coisas ruins que acontecem no mundo, acontecem quando a explosão atinge aos outros. Hitler se achava normal.

Quem não tem uma paranóia, um transtornozinho sequer pra fazer a mente funcionar, não deve bater muito bem da cabeça. Momentos estranhos em que a consciência tira um cochilo e o caos toma conta devem acontecer na vida de todo mundo. Acho que assim o cérebro se atualiza, apaga os problemas que estão afetando e reinicia os trabalhos - até o próximo surto. Façamos assim: quando a vida estiver normal demais, vá até a parede mais próxima e bata a cabeça algumas vezes, suficientes pra você se convencer de que tem alguma coisa errada. Então estará tudo bem.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Replay


Parece que a maioria das coisas que eu vejo hoje, eu já vi em outro dia.
E isso acontece já há muito tempo.

Eu achava que tinha problemas mentais quando eu chegava em uma situação em que eu parava, pensava, e tinha certeza que já tinha vivenciado aquilo. Não que eu agora ache que minha mente é algo normal; mas é que, um dia, um amigo me falou que esse tipo de coisa é normal, e tem até um nome biba: déjà vu. E eu fui pesquisar um pouco sobre essa tal desgraça.

De acordo com a maior e mais complexa fonte de informações do mundo atual e todos os tempos, a Wikipédia, déjà vu vem do francês, e significa "já visto". É uma reação psicológica que transmite idéias de que já se esteve em um lugar antes, que você já conhece determinadas pessoas, entre outras coisas. O déjà vu acontece porque sua cabeça falha na hora de guardar sua memória. Então, assim: ao invés de seu cérebro armazenar o que você está lendo neste exato momento na sua memória de curto prazo, ele armazena na área de memória de longo prazo. Assim, quando sua cabeça "se ajeita", você tem essa sensação de "eu já vivi isso".

Quando li sobre isso, descobri que boa parte das situações que eu via como "repetidas" eram, realmente, déjà vus criados por esta estranha cabeça. Mas boa parte não significa 100%. A maioria das outras coisas são aquelas em que você se percebe em um buraco, no qual você já esteve caído antes. E não teve como evitar de cair de novo.



Para a crítica, não é bom que você seja protagonista de dois filmes com roteiros parecidos - ainda mais se o final for triste. O problema é que é difícil ser ator, câmera, roteirista e diretor ao mesmo tempo.

Muitas vezes achamos que estamos entrando em algo inédito e bom. Seja conhecendo gente nova, começando num trabalho novo. Até que, lá perto do no final do filme, nos damos conta de que estamos estrelando mais um clássico da Sessão da Tarde.


quarta-feira, 6 de maio de 2009

Não entre em pânico!




Tem dias que estar respirando e de olhos abertos é um porre sem tamanho. Nenhuma filosofia, das boas ou barata, que diz que a vida é maravilhosa e o céu é azul e tudo mais faz as coisas deixarem de ser em preto e branco e monótonas e feias. Viver as vezes enche o saco.

O que nos resta é buscar refúgio em alguns portos seguros que todos temos. Se não temos, seria bom procurar. Passar uma tarde do lado de quem você ama, ou conversando com um bom amigo, ou qualquer coisa que faça a alma se sentir em paz, ainda que por um espaço curto de tempo, são bons remédios. Não resolvem tudo, mas ajudam.

Mas pra entender mesmo por quê esse sentimento de impotência em relação ao mundo de vez em quando, eu tenho outra recomendação: a coleção Mochileiro das Galáxias. O autor, o inglês Douglas Adams, já falecido, é meu maior herói, e uma das pessoas mais brilhantes que caminhou sobre a terra. Parece exagero, mas o cara era bom. Dos livros, fora o humor desconcertante, o que fica é a visão humilde que Douglas Adams tinha da humanidade, nos fazendo entender o quão pequenos nós somos e como nós nos levamos a sério demais. É fantástico.

Depois de algumas páginas, de qualquer parte, de qualquer dos livros, é impossível não parar e pensar "Nossa, e eu to preocupado com isso?", ou "É, nós fazemos isso mesmo". Não que o material comparativo seja muito vasto, mas eu nunca vi nenhum autor, intelectual, escritor, ou qualquer coisa assim, que tenha visto tão bem o mundo quanto Douglas Adams.

Ler O Guia do Mochileiro das Galáxias, ou qualquer uma de suas sequências é como ver mais do mundo. Ver as nossas preocupações e angústias perderem o sentido e se tornarem mera casualidade. É um remédio muito bom pra quem se encontra naqueles dias que nada tem graça e a vida enche o saco.