sábado, 6 de dezembro de 2008

Parece que foi ontem

Dois amigos se falando pelo MSN.
Um, por acaso, acha no YouTube um vídeo antigaço, da abertura de algum desenho, seriado, enfim; essas coisas "inúteis", que, de alguma forma, nos fazem bem. Conversa hipotética, por favor.

- Pô cara, como você achou isso?? Hahaha, que massa!
- O pior é que ainda sei a musiquinha decor! Tá loco, hehehe!

Bacana tudo isso, mesmo. Compartilhar lembranças, infância e tal.
Porém, (in)felizmente, nem toda demonstração de "amor ao passado" é aceita pela sociedade em geral. Acho isso aceitável. Por exemplo:
- HAHAHA, grande coisa saber a musiquinha do desenho! Ainda tenho minha fantasia de Pikachu guardada no armário!!

É, a decência exige limites.
São bananas na cabeça dele?

Mas não são poucas as vezes que vemos ou encontramos esses tipos de coisas, que nos lembram um passado pretensamente distante - afinal, com 12 anos, você já sente falta do que fazia aos 10!
"Bons tempos", pensamos lá no fundo.
Mas, peraí, cacete... isso acontece quase todo dia!
Numa breve retrospectiva de minha relapsa existência, lembrei de pelo menos 3 flashbackes coletivos, cada um com gente de diferentes lugares, mas o que é lembrado, é sempre o mesmo em todos os casos - desenhos animados e brincadeiras de rua lideram a lista.
Claro que, pra cada geração (80's, 90's, enfim) as coisas que geram a nostalgia são diferentes. Whatever, a lógica é a mesma.
Vivíamos rodeados por coisas que sumiram com o tempo - e as que vieram ocupar seus lugares são um verdadeiro porre.

Deixamos a escolinha peralta, entramos no brutal colégio.
Que garoto em sã consciência trocaria uma feliz tarde em frente ao videogame por alguma obrigação horrível, forçada e sangrenta... tipo ir pra aula? Triste.

Nesse meio tempo, começamos a sonhar com coisas boas que o futuro nos trará. "Quando eu for mais velho, vou poder fazer isso!" (Ha, safado!)
"Capeta, ainda faltam 4 dias e 32 minutos pra eu fazer 18 anos!" (Mais tarde, o garoto viria a descobrir que, com 18 anos, as pedras que ele tacava no cachorro do vizinho deixaram de ser má educação, viraram agressão multiplamente qualificada e ele será preso por isso)

Daí passa o tempo, e, na faculdade lembramos dos bons tempos de colégio.
O mesmo colégio onde lamentávamos ter saído da escolinha, e sonhávamos com a faculdade.
Quando chegarem os 30 anos, vai dar saudade da faculdade.
Com 60 então... bons tempos em que dava pra trabalhar o dia inteiro, sem precisar tomar 47 remédios diferentes pra poder respirar.

O princípio: deixamos de viver em função da diversão!
As brincadeiras já eram, agora você tem que trabalhar e se ferrar diariamente!
Então, por que temos que correr atrás do futuro, se, na nossa cabeça, o que é bom é tudo o que já passou?

Será que tudo é feito em função da nostalgia? Por que viver passa a ser, de certo modo, um sacrifício?

- Claro que existem os sonhos, planos de vida; gente que vive de forma duríssima e quer algo melhor lá na frente. Mas, mesmo quando tudo estiver realizado, você vai ver algum vídeozinho tosco de 20 anos atrás, e vai dar saudade dos "bons tempos".

E tudo volta a não fazer sentido algum.
E é, o mesmo Chaves da sua infância ainda faz sucesso.

Que coisa.