sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Quintana



"Não tem porque interpretar um poema. O poema já é uma interpretação."

Eu respeito os números. Admito sua perfeita exatidão. Irritante exatidão. Minha limitada cabeça, tão subjetiva, nunca conseguiu e nunca conseguiria fazer da minha vida um sem fim de cálculos e resultados. Eu sempre precisei de interpretações. De várias formas de se ver um único fato, um único texto, uma única música.

Isso que dá estudar assuntos relacionados com a mente humana. Você não pára de divagar. Aulas de filosofia, por exemplo. As poucas que tive durante a vida sempre me fizeram pensar na vida, no universo e tudo mais. Acho que interpretar e entender o ser humano é um objetivo da minha lista de objetivos que não levam a nada. Claro, quando você tenta entender algo, faz uma viagem ao passado, pra ver o que já aconteceu, por que aconteceu, quem foi o infeliz estagiário que deixou acontecer, essas coisas.

Passado esse que me faz voltar a filosofar. Nietzsche, objeto de estudo das aulas de filosofia desse semestre na faculdade, tinha uma visão sobre o passado muito particular. Não espere muito da minha memória, mas pelo o que eu me lembre, o perturbado pensador alemão dizia que tentar entender o passado sem nenhuma finalidade clara é o que torna impossível a plena felicidade humana no presente. Fétido resumo simplista esse, eu me envergonho dele, mas, quando bem explicado, mostra como a melancolia de remoer fatos que já foram nos impede de existir no agora.

Nietzsche, como eu já fiz questão de enfatizar, era um cara perturbado. Quem leu o livro "Quando Nietzsche chorou" vai entender. E se alguém aí realmente leu, não me conte o final. É um livro muito bom, mas incrivelmente chato. Não consegui chegar ao fim.

Você, querido leitor aleatório, deve estar pensando agora "Tá, se era pra falar desse maluco, que sentido faz o título do texto?" Aí eu te respondo "Nenhum, idiota!" Brincadeira. Mário Quintana foi um grande poeta. O melhor poeta brasileiro na minha opinião. Acho que eu não conheço nenhum outro. De qualquer forma..

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...


E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

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